Anseios em Desvaneios
Sinto-me às vezes como uma pintura sem tinta
Procurando letras de um texto sem linhas
Como se um espaço gigante não me coubesse
Como se existir apenas não bastasse
E mesmo que querendo não pudesse.
Pegadas do tempo no esquecimento
Algo que desejo e não tem nome,
Que ao buscar o que não foi criado
Fico a esperar o inesperado
Fartando-me dessa fome.
Uma loucura da minha calma que se arremete a minha alma
Buscando-me pelos cantos de uma casa sem paredes
Olhando por janelas sem alpendres
Num desejo de querer, e não ter-te.
Gritos de um mudo a um coração surdo
Desejo de flores num jardim sem cores
Quero tanto de você, desejando não te ter
Que te buscando eu me perco, e te sentindo me extingo
Vendo-me então a desaparecer.