A AVE QUE TINHA ASAS DE SONHO
Àquelas e àqueles que acreditam que a vida pode ser de facto bela apesar de a quererem macular
Poema baseado no sentido dos poemas de uma certa Borboleta
A AVE QUE TINHA ASAS DE SONHO
Vejo-a
Quando estou nos reinos de Morfeu
Vejo-a
E desejo ser eu
A ave que tinha asas de sonho
Porque a vida
A quis
Pela sua beleza
Numa gaiola aprisionar
Mas foi mais forte
A sua capacidade
De ninguém a tomar
A ave que tinha asas de sonho
Cada uma das suas imensas penas
Representa algo de bom
O amor
A amizade
Carinhos sem tempo
Olhares cheios de tudo
Quando o todo oco
É a sua maior contrariedade
A ave que tinha asas de sonho
Por isso
As senhoras chiques
Gostariam de ter as suas plumas
No chapéu
Para exibir
Um sonho de que não são capazes
Um sonho
Que não é seu…
A ave que tinha asas de sonho
Voa, voa
Para todo o lado
Para o presente
Para o impossível
Até
Para o nosso passado
E ela sim
É a senhora suprema
Da suprema crença
Pois ilumina
Tudo e todos
Com a sua etérea presença
E os grandes senhores do mundo
Homens da política,
Dos negócios
E até Generais
Queriam-na à sua mesa
Como símbolo de um poder
Que nunca terão
Jamais…
Quando choro
Quando sinto
Quando estou quase
A desistir
Olho
Para o mais belo por do sol
Por onde ela
O seu encanto
Está sempre a exibir
Não é uma borboleta
Ou um anjinho
Que me possa seduzir
Ela é
Toda uma imensidão
É a ternura
Um doce abraço
Que recebo
Sem defesas
Sem qualquer tipo
De embaraço
Pedaços de memórias
Recentes e antigas
Pedaços de um espelho partido
Que me podem magoar
Só por olhar para eles
Mas pensando nela
Eu olho
Sinto-me mais forte
Com a força
De um Deus
E o seu canto
Percorre tudo
Todos os cantos do Universo
Som maravilhoso
Que parece
Cantos de um verso
Que nos diz
Que devemos sonhar acordados
Que nunca devemos deixar de acreditar
Pois morremos por dentro
E em pedras vivas
Nos estamos a tornar
Quando não a vemos ou sentimos
Quando achamos
Que ela é uma utopia
Quando ela é mais real do que todos juntos
Ela é poderosa magia
Que eu vejo
Quando adormeço
Ou quando ando triste acordado
Eu vejo-a
E logo me sinto abençoado
Pois eu vejo-a
Eu sinto-a
Desde que nasci
Eu viajo
No seu voo mágico
Para locais
Para onde desejava
Mas não posso ir
Por isso
Mantenho intacto
O brilho nos olhos
De uma certa fotografia de infância
Eu continuo a acreditar
No maravilhoso
E para mim
É isso que conta
É isso
Que tem toda
A importância
E sinto que sou ela
E que ela sou eu
Sons da pauta
Que na minha existência
A cada minuto componho
Ela é apenas o meu símbolo:
A ave que tinha asas de sonho