DESCULPEM-ME A PREGUIÇA
Quando eu estou assim nada me atiça,
Mais do que prova tenho o mole corpo;
Nada a que te falar...
É essa mesma! Minha amiga preguiça,
Que me deixa assim meio quase morto;
Quero só descansar!
Nada quero saber, cachorro latir também,
Se visita chegar, dispensa bem rapidinho;
Ai! Que é tão gostoso...
Barulho não quero ouvir, pio de ninguém,
Ai! Como é bom!... Estar comigo sozinho,
Sonolento, frondoso!
Manda calar aquela enfadonha cantiga,
Da boca demonha desta nossa vizinha;
Êta boca miserável!
Não é hora pra se ter uma cobra amiga,
Quando quero dormir como criancinha;
Xô bicho insuportável!
Ah! Quero-lhe tanto preguiça gostosa,
Talvez hoje, porém mais, no ano inteiro;
Travesseiro em sabor...
Tão dengosa preguiça em meu leito prosa,
Quero me acabar com ela e bem faceiro;
Com moleza, sem suor!
Não me chame, não me acorde tampouco,
Aqui agora é meu ninho, ninho da preguiça;
Tenho mais que direito...
Deixem-me, mesmo ao pensar estar louco,
Nem santo venha me despertar sem missa,
Na preguiça do meu leito.