DESCULPEM-ME A PREGUIÇA

Quando eu estou assim nada me atiça,

Mais do que prova tenho o mole corpo;

Nada a que te falar...

É essa mesma! Minha amiga preguiça,

Que me deixa assim meio quase morto;

Quero só descansar!

Nada quero saber, cachorro latir também,

Se visita chegar, dispensa bem rapidinho;

Ai! Que é tão gostoso...

Barulho não quero ouvir, pio de ninguém,

Ai! Como é bom!... Estar comigo sozinho,

Sonolento, frondoso!

Manda calar aquela enfadonha cantiga,

Da boca demonha desta nossa vizinha;

Êta boca miserável!

Não é hora pra se ter uma cobra amiga,

Quando quero dormir como criancinha;

Xô bicho insuportável!

Ah! Quero-lhe tanto preguiça gostosa,

Talvez hoje, porém mais, no ano inteiro;

Travesseiro em sabor...

Tão dengosa preguiça em meu leito prosa,

Quero me acabar com ela e bem faceiro;

Com moleza, sem suor!

Não me chame, não me acorde tampouco,

Aqui agora é meu ninho, ninho da preguiça;

Tenho mais que direito...

Deixem-me, mesmo ao pensar estar louco,

Nem santo venha me despertar sem missa,

Na preguiça do meu leito.

Setedados
Enviado por Setedados em 16/02/2011
Reeditado em 06/02/2012
Código do texto: T2796112
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