Não desejo
Não, não desejo agora estar deitado em colchão de plumas de algodão
Antes prefiro deitar-me em uma esteira com você ao meu lado
A opulência de uma mansão não me faria tão bem quanto a singeleza de uma casinha no pé da serra se você estivesse comigo;
Dispensaria toda a eloqüência dos “bons oradores”, dos “jornalistas” e dos falsos poetas e me aprazia com o tilintar dos grilos, com o chiado das cigarras, o catar dos pássaros e o ressoar do vento balançando as arvores se você estivesse comigo;
Desistiria da vida louca na cidade, de ser “bem informado”, de ser funcionário publico, de ser um cidadão com “nível superior” e seria o mais jeca entre os matutos se a certeza de que, após uma jornada de pesado trabalho, você estaria a me esperar;
Eu viveria cego para qualquer beleza que não fosse a sua formosura; surdo para qualquer canção que não fosse a sua voz e não pensaria em nada que não fossem formas de te fazer feliz;
E só após viver muitos dias a teu lado marcaria o fatídico e inevitável encontro com a morte, mas a encontraria feliz, tranqüilo porque teria encontrado a essência da vida: a Formosa Felicidade.