Canção de botequim para aquela que fugiu de mim
Eu canto a vida como quem canta o tédio,
queixo na mão, me queixo em silêncio.
Que remédio para nós, se tu foste embora.
Eu anoiteço em versos pobres
e a canção antiga me traz lembranças ruins.
Penso em nós dois como um só corpo
e uma cama vazia, vazia de mim.
É um espaço tão grande, que nem sei por onde começar.
Meu caminho é solitário e te procuro em cada horizonte.
Eu quero acalantar minh'alma.
E a calma que vem ti é que me faz sonhar.
Vem depressa dizer que me ama,
ou então retira de mim a tua imagem gélida.
Meu coração frágil e melancólico espera o teu sim,
sim para mim.
Ontem eu vi uma foto tua e estavas ao meu dispor.
Eras um misto de encanto e ternura, de maldade e lascívia,
de coisa nenhuma com um todo que é meu.
Bobagem. Era só uma foto, de tantas e tantas que me deste.
Nada de novo, nada de belo. Apenas eu e minhas quimeras.
Eu te espero a cada dia, na varanda que fiz para nós.
A rede, as plantas, enfim...
Eu te espero como quem espera a morte.
Eu vejo nosso ninho desfeito e desse jeito eu não vou suportar
Vem depressa dizer que me ama,
ou então retira de mim a tua imagem gélida.
Meu coração frágil e melancólico espera o teu sim,
sim para mim.
Eu ainda vou naquele lugar, ali na mesa do canto.
Eu ainda ouço a mesma música, e o mesmo drinque me é servido.
Eu me lembro de cada gesto, desde o primeiro.
Vem depressa dizer que me ama,
ou então retira de mim a tua imagem gélida.
Meu coração frágil e melancólico espera o teu sim,
sim para mim.