DESPOETAS
Matérias... Concretudes...
Artérias do supérfluo, inquietude
Bens... Todos somos passageiros, somos carnes a se velar
Bens que não sabemos colecionar, carnes são fragmentos
Sobe e desce, estagna sistema, maquinação, dominação!
Valores decibéis
Bolsa de terrenos, bolsa de valores, alugueres
Sem terra, nos enterramos nesta aquarela pincelada de cor cinza
Lençóis de luto,
Pra terra, lenços de pó devolutos!
Tantas lutas e tantos lutos, limiar do desconhecido!
Tocam os acordes...!
Princípios, meios e fins, eis o elo do mundo... Na indiferença dos afins!!!
Despoetizados são todos aqueles despidos da placenta
Que simbolizam a água primordial, não há vida...
Não possuem essência
Não há pluralidade
Pra eles,
Fim é fim, como Baudelaire
Bem o cantou em seus versos:
(...Então , Oh, minha bela!
Dizei aquele verme, que vos comerá com beijos, que eu conservo
A forma e a essência divina, dos meus amores decompostos...)
O pó é a maquiagem do esquecimento...
Sempre estamos tentando olhar o mundo
Da forma que ele jamais poderá nos olhar..
Ele é Ciclope (também conhecido como Zarolho)
Eram senhores do trovão
E foram dizimados pela cólera de Apolo (Deus da sabedoria)
Assim também acontece com os despoetas...
Por se tratar de um único olho no meio da testa
Isto revela um estado primitivo e pequeno
Na sua profundidade de compreender!!!
Que bom que antes do final
Existe o ponto capital de um poeta (onde será que nós estamos?)
Sem ponto na ponta
Sem tranca, sem ferrolhos
Abertos pro dentro...
Sem ponto final
Matérias... Sempre inconsolávelmente frias
Máquinas não choram...
François Mauriac fez um poema
Em forma de estratagema que diz assim:
Nada, nada arrancará a tua raiz profunda
Do meu imenso corpo
Entorpecido de prazer.