NO SUICIDA...

No suicida a carne desfalece

a memória amortece

mais o tiro não limpa sua alma, adormece!

No suicida, tudo é gelido, tudo é frio

ele se joga sem cobertas no frio rio

é a morte que o ronda como cadela no cio!

No suicida, a cidade é uma ciranda

a farmácia é um covil

e as covas, são as putas que o pariu!

No suicida, nem sempre a carta está escrita

muitas vezes ele as descreve

no seu momento de partida...

No suicida, a dor é mais forte

que sua dona, a morte! sua consorte

para ele, andarem sobre si mesmo, é o que menos importa....

No suicida, a razão não existe!

ele está na contramão sempre do ir

ele só se preocupa com o inexistir...

No suicida, não adianta viver

a vida dele é morrer, sumir

é como um "kamikase" vive na contradição de reconstruir!

No suicida, tudo é dual

tudo tem dois lados, pelo mundo afora

mas geralmente ele prefere o mundo pelo lado de fora!

No suicida, tudo é é viciante

é lâmina, é pesticida, é se jogar da ponte...

a morte é fator itinerante.

No suicida, ele quer frustrar, furtar o que dele roubaram

no fundo , ele precisava ser precisado...ter atenção

e se condena por que lhe roubaram a sua precisão...

No suicida, ele tira do nada o seu tudo

se for pra morrer, ele faz do limão, a limonada

ele consegue se matar sem autorização!

No suicida, a honra de morrer

é a sua consagração de ferir ao outro, a si mesmo ferindo!

pouco se importando com outros seres que sofrem por ele!

No suicida, não há parentes, só parenteses

é ele e ele, contra sí mesmo, quando não está presente o que ele quer

na sua vida de marcha-a-ré pouco importa quem mete a colher...

No fundo não há ex-suicida..a divagar

que possa verbalizar de verdade, o que ele estava pensando

minutos antes de se matar!