Perfeição

Eu te defino como simples,

As tuas curvas não sinuosas são simples formas de encanto,

teu rosto não novelesco, é um simples contemplar

em estado de graça, simplesmente.

Não possuis a relevância capital das capas de revistas.

Sim, possuis a simples magia que emana ternura.

Sorrisos e gestos, olhares e serenidade,

simples e mais simples beleza.

Não te vejo arrancando suspiros de marmanjos,

mas ao te ver dormir, tua respiração me acalma.

Possuis o mais justo dos sonos e tuas roupas,

esse emaranhado de panos que encobrem tuas partes,

te deixam oculta em um mistério simples de decifrar.

És bela, sim... simples, assim.

Sei que andas comigo há muito tempo

e que ao meu lado és o que de mim mais se parece com o bom.

Teu conselho ingênuo e tua explicação inocente

me deixam marcas de lucidez e paz.

Algo que não explico, que não ouso externar.

Cabelos e unhas, lábios e olhos, pele.

Simples conjunto de cores e formas,

pequenos deslizes, raros momentos de vaidade.

Naturalmente simples e belo.

Esplêndido maravilhar-se... simplesmente.

Queixo-me aos céus por não ter achado beleza igual

nas andanças inúteis da vida e suas torpezas...

quantas bocas, quantas juras, quantos desejos.

Nenhum porto foi tão seguro e me dá tanta tranquilidade.

Teu colo me recebe e ninhas meus sonhos...

Um embalo simples, singelo, e belo.

És o todo de uma parte minha que mais gosto.

Aquela que me reconhece como frágil e

em débil condição. Fortuíto e ao acaso.

É na tua face que me vejo mais completo.

Como homem, como humano, como sou.

Simples, simples definição do que para muitos é trivial e

que para mim é a mais completa perfeição.