JANELAS

Detenho-me a olhar janelas;

Vago pelas formas e rostos.

Nas molduras, sentinelas,

Cada qual com seus desgostos.

Seus olhares mostram rugas

Da vivência e da clausura,

Então janelas são fugas

Pra externar a amargura.

São vigias das calçadas

De quem passa sobre elas,

São em vão suas flechadas

Lá do alto das janelas.

Pois quem pela rua passa

Mira o chão em passos largos,

Todo o tempo lhe escassa

Pra viver mundos amargos.

Eu, cá da minha, disposto,

Que aos olhares me atenho,

Qual será o meu desgosto

Por que à janela venho?

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 23/12/2010
Reeditado em 05/01/2011
Código do texto: T2688256