JANELAS
Detenho-me a olhar janelas;
Vago pelas formas e rostos.
Nas molduras, sentinelas,
Cada qual com seus desgostos.
Seus olhares mostram rugas
Da vivência e da clausura,
Então janelas são fugas
Pra externar a amargura.
São vigias das calçadas
De quem passa sobre elas,
São em vão suas flechadas
Lá do alto das janelas.
Pois quem pela rua passa
Mira o chão em passos largos,
Todo o tempo lhe escassa
Pra viver mundos amargos.
Eu, cá da minha, disposto,
Que aos olhares me atenho,
Qual será o meu desgosto
Por que à janela venho?