Juízo

Eu hoje fiz uma lista,

nomes, fatos e dias.

Naqueles dias em que tudo parece melancólico.

Comecei pelos nomes dos amigos antigos,

aqueles que permeiam a memória, mas que não vivem no dia a dia.

Se foram, eternamente.

Se foram, efemeramente.

Nomes de rivais nos tempos da infância,

dos amores proibidos, roubados, sonhados, não vividos.

Da primeira professora, do primeiro bedel, enfim,

daqueles que iniciaram o que hoje acredito.

Chamei de querido quem hoje me causa dor,

odiei uma música antiga, e hoje ela me faz viver.

Disse não ao juízo eterno e hoje, dentro da razão insana, acredito.

Julguei minhas mentiras em prol de verdades tolas.

Bobo que fui, menti para sobreviver a grandes verdades.

Hoje, aqui comigo e minhas lembranças,

sei que sou frágil e pequeno. Condição ínfima da criação divina.

Chamei por erros e acertos, lembrei de você e de suas histórias.

Pedi a Deus paz e força, em troca me dei a uma vida ampla.

Deus, de paz e força, dando-me conflitos, labutas e incertezas.

O espelho denuncia minha vida,

marcas e traços, memórias e mais dias.

Noites mal dormidas. Vividas, choradas, esquecidas.

De lua, sem brilho, intensa, medíocre, noites...

Solidão, companhia, apenas noites.

A minha lista é ampla, é profunda, é dolorosa.

A minha lista é completa, é incompleta, é falsa.

A minha lista é feliz, e nem tanto, e por tanto...

Sei que sou efêmero, eterno, frágil.

Minha lista contempla o mundo e eu sei que hoje

a razão da existência dela, a minha lista, é a minha maior riqueza.

Ao membros e atos desta lista a minha homenagem.

Pelo vivido, pelo deixado para trás, pela vida.

VALBER DINIZ
Enviado por VALBER DINIZ em 23/12/2010
Reeditado em 07/10/2011
Código do texto: T2687651
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