A vida é um porre !
Sob o teto nada havia,
todavia, uma mesa repleta de cerveja,
garrafas vazias; cheias de agonia.
Na cadeira recostada, o corpo cansado.
Um copo quebrado; sangrando o corte,
lavando a alma no último gole.
A vida é um porre!
E o relógio na parede, cúmplice e testemunha;
ao mesmo tempo à marcar o tempo,
o girar do ponteiro, do tic-tac barulhento;
do meu lamento.
Bebo! Bebo todas até a última gota,
no ensejo de estancar no peito,
meu sofrimento.
Sangra a alma, sangra o dedo.
No chão manchado; vejo os cacos... O tempo não passa.
Sob o teto nada havia,
todavia, no chão de pedra-fria,
os pés descalços e a cadeira,
firme e companheira,
na agonia de suportar meu peso.
E dói na carne, o corte no dedo... Sangrando.
Dói na cabeça... Pensando.
A vida é um porre!
No telhado, um gato sob as estrelas vagabundeava.
Ria-me desaforado com seu miado rasgado... Diabo de gato.
Sob o teto nada havia,
todavia, apenas um homem,
bebendo a dor que o consumia.
A vida é um porre!
03/02/05 – 04:58h ( made in Insônia.)