A vida é um porre !

Sob o teto nada havia,

todavia, uma mesa repleta de cerveja,

garrafas vazias; cheias de agonia.

Na cadeira recostada, o corpo cansado.

Um copo quebrado; sangrando o corte,

lavando a alma no último gole.

A vida é um porre!

E o relógio na parede, cúmplice e testemunha;

ao mesmo tempo à marcar o tempo,

o girar do ponteiro, do tic-tac barulhento;

do meu lamento.

Bebo! Bebo todas até a última gota,

no ensejo de estancar no peito,

meu sofrimento.

Sangra a alma, sangra o dedo.

No chão manchado; vejo os cacos... O tempo não passa.

Sob o teto nada havia,

todavia, no chão de pedra-fria,

os pés descalços e a cadeira,

firme e companheira,

na agonia de suportar meu peso.

E dói na carne, o corte no dedo... Sangrando.

Dói na cabeça... Pensando.

A vida é um porre!

No telhado, um gato sob as estrelas vagabundeava.

Ria-me desaforado com seu miado rasgado... Diabo de gato.

Sob o teto nada havia,

todavia, apenas um homem,

bebendo a dor que o consumia.

A vida é um porre!

03/02/05 – 04:58h ( made in Insônia.)

Sandro Colibri
Enviado por Sandro Colibri em 19/10/2006
Reeditado em 12/08/2011
Código do texto: T268574
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