O COMBOIO

Passa

Levando-me

No seu interior

Vou para longe

Que é demasiado perto

Tendo a imensidão

De um infinito intimo

A meu redor

O comboio

É uma espécie

De esponja

De múltiplas emoções

Uma paisagem a seguir a outra

Fazem-me alterar

Os estados de espírito

Dando-me

Tantas

E tão diferentes recordações

O comboio

Passa por tanta gente

Por tantas estações

Verão,

Inverno

Outono

Primavera

Línguas diversas

Com diversas

Traduções

O comboio

Anda mais devagar

Do que um avião

Mas nele

Vemos a paisagem de tudo

E não apenas nuvens

E mais nuvens

Um vazio

Nenhuma

Real

Recordação

O comboio

No seu ritmo

Pasmacento

Dá-me um sono

Leve

Do qual

Acabo por tirar

Real provento

O comboio

Já me levou

Para todo o lado

Para a vida

Para os braços de um amor

Mas agora

Para aqui mesmo

Pois estou aqui

A escreve-lo

Em poema

Estou aqui

Viajando

E não viajando ao mesmo tempo

Pois estou apenas aqui

Sentado…

O comboio