Desenhando
Vivo o tempo, intensamente,
Pelos contornos da vida
Desenhando o meu mudo
Infinito.
Cheio da angústia que
O tédio alimenta o fim
Que preludia infinitas horas
Receio.
Morrer da vida.
É o que desejo mas temo
Que ainda assim me lembre
Do amor que tive
Porque desejo não viver
Se não te tenho
Mas desejo fugir à morte
Pra não levar comigo
Lembranças.
E continuar esse desenho
De contorno e formas
Rústicas como meu viver
Pintando o revelo das sombras
Estas as mais visíveis
Ao meu coração.
Aqui vou rabiscando a cada dia
Entre as linhas da felicidade
Entre as da solidão
Um infinito mundo
Que não alterna onde vou.
Nesse mundo não há além
Não há saída, outro lado
Não há companheiros.
Mas nesse mundo
Não se vive sozinho
Se se tem as lembranças
E a saudade do amor verdadeiro
Que não foi, mas é infinito
Na eterna e boa solidão
Que um dia findar-se-à