Retirante
Buscaste a melhor vida,
Deixando a caatinga,
O Sertão Encantado...
Deixando as tradições,
As festas do Padroeiro,
As alpercatas de couro,
A casa de pau-a-pique,
A rede que te embala,
A seca que te persegue...
Deixaste a viola, pranto,
Saudade, canção, irmão...
Deixaste o colorido
Da festa do bumba-meu-boi,
Deixaste a alegria
De fazer feira aos domingos,
De barganhar quase tudo,
Só não mesmo a tua vida...
Chegaste do outro lado,
Concreto, cimento armado,
Sem mesmo estar preparado
Para viver, sem ter a vida.
Aqui te acomodaste.
Gente forte é mesmo assim:
Rompe tudo, rompe pedra,
Sem romper o coração...
Bate a saudade da terra,
Da viola abandonada.
É tão duro suportar
A dor a brotar no peito,
Com som de frevo ou batuque...
Com garra, firmeza e fé,
Amoldaste a quase tudo...
Na frieza do concreto,
Na cidade, sem amigos...
Porém o teu coração,
Este está guardadinho,
Juntinho das tradições,
De tua terra distante,
Das festas do teu padrinho!
( Do Livro Diagnóstico)