Garoa
Cai a chuva,
Fecundando o solo
Que exala
Um aroma ocre
De terra molhada
Que tanto mal faz
Ao meu bem.
Mas a água cessa,
E por meio de respiradouros
Argilosos, o solo sossega
E os bichos se recompõem
Do bombardeio pluvial.
Plantas gotejam,
Aranhas tecem, novamente, suas teias,
Borboletas voltam a cortejar as flores.
Os raios solares produzem
Arco-íris no reflexo verdejante.
As folhas secas
Parecem coladas na terra;
As nuvens cinzas
Convertem-se em brancas.
Zigue-zagues, abelhas, joaninhas
E outros insetos da fauna
Voltam ao labor habitual.
O dia vai morrendo,
Indiferente ao apelo da natureza
De continuar celebrando a vida.
(Danclads Lins de Andrade).