Sol e Lua
Não sei se ainda hoje brilhas em algum lugar.
Seu brilho partiu de mim, deixando-me opaca, sem vida.
Ofuscada pela simetria enquadrada de um esquadro,
perdi meu ciclo de voltar a mim mesma,
 e o teu brilho se foi me deixando o desolamento.
 
Se pura aparição ou se magia,
em teus dias via a manhã ruflar e me escondia quando surgias,
para a noite me levantar.
 
O ciclo descrito por filósofos, amantes, apaixonados,
sempre caminha no mesmo compasso,
o namoro do Sol com a Lua, e de fato,
em algum lugar do passado nosso namoro ainda continua.
 
Envolto em monções, pensamentos,
tormentas sangrentas ou chuva de pétalas,
esse amor se acorrenta e se liberta,
procurando em círculos linhas retas.
 
Mas como o Sol é redondo e a lua também,
ciclos se despedem em unicidade, cios de estações, neve ou flor,
distanciados pelo evento do frio à queimadura do sol em brasas,
não absorvidas em tantas canções a dilacerada dor de amor.
 
De errantes enamorados que passeiam na sombra da Lua,
espiam desenhos nela feitos por dois,
hospícios de um amor desatino divagam em rabiscos,
olham apaixonados sem saber do antes e do depois.
 
Controversas linhas, alinhavos e teias,
tecidos um dia pelo amor de nós dois,
Sol e Lua de longe se revezam no espaço aclamado,
presos e livres no instante de muitos "Sóis".
Edna Fialho
edna fialho
Enviado por edna fialho em 28/11/2010
Reeditado em 09/08/2012
Código do texto: T2642019
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