Cais de lata

Nas margens do cais de lata,

o homem simples descarregava bananas (morria ao sol).

Ilhado em redes de aço (não havia peixes naquela agua, somente a ressaca de girassóis inertes).

Memória,

visões,

poemas a margem,

coroas de ouro e semente equilibrando outros sóis postos.

(Eu) não lancei blasfemia, nem fiz sermão, nem finquei o cetro.

Não quero ser a sujeira da pele sem oração ou a imagem poeirenta do espia que descarrega banana.

Ailton dos Santos SP
Enviado por Ailton dos Santos SP em 17/11/2010
Reeditado em 03/12/2010
Código do texto: T2620407