Serenata
Eu ouço as canções antigas
de quando criança ainda,
acordes da madrugada
enchiam os meus ouvidos.
Canções serenas e lindas.
A lua por companhia
na quietude da praça.
Só vozes e instrumentos,
ao mais leve movimento,
enchiam a vida de graça.
Em meus olhos a harmonia
brilhava a cada cantiga.
Os dedos que dedilhavam
o violão que desfiava
a ternura eterna e antiga.
E até que o dia raiasse,
as vozes e a melodia
anunciando a manhã.
O desafio do pranto.
Hoje não há mais canto
na saudade temporã.
Marilia Abduani