PERTO DO CÉU SELVAGEM

Poema inspirado na lindíssima música dos REM “Near wild heaven”uma das músicas que me são tão queridas, e que me acompanhou no fim da adolescência para agora me voltar a acompanhar

PERTO DO CÉU SELVAGEM

Estou quase a levantar

Sim…

O voo

Vai começar

Não sei

Porque aguentei tanto tempo

Para partir

Quando na realidade

Para lá tinha mesmo de ir

É uma dádiva

Ver as estrelas

Como elas são

Aqui na Terra

Eu vi

Eu vejo

E por isso tinha que lá chegar

Deixando atrás de mim esta canção

Lá vive-se por dentro

Vivendo por fora

Lá o tempo

Não passa como aqui

Lá o tempo pára

Não demora

A chegar

A esse céu

Que está demasiado perto

Demasiado longe

Embora eu não sei

Bem onde

Só sei

Que com

Ou sem contigo

A acompanhar-me

Eu tinha que lá ir

E no pó das estrelas

Banhar-me

Pois aconteceu

Qualquer coisa em mim

Quando nasci

Descobri

Que não sou capaz de viver

Sem o pó dos sonhos

Sem a essência das estrelas

Que só lá

E lá mesmo

Iria encontrar

É uma espécie de dom

Esta capacidade de sonhar

Deixando

Como rasto

Lágrimas de saudade

E corredores

De uma enorme dor

Que farto

Decidi

Que não me iria acompanhar mais

Independentemente do local onde for

Amo

Se calhar como ninguém amou

Respiro

Como jamais alguém respirou

Ou então

Sou demasiado igual a vós

Sendo por isso

Que tenho de sair

Deste torpor

Que me dói até aos ossos

Que amplia

O meu sentir

Com a força

De todas as estrelas juntas

Sou humano

Se calhar

Excessivo

E por isso

Na suprema ilusão

De querer que o vosso sonho

O teu

Também fosse o meu

Tenho de aproveitar

A celestial aragem

Tenho de lá ir

Ou de lá

Simplesmente estar

Perto do céu selvagem