TENHO SAUDADES

Do teu beijo

À beira mar

Afecto que partiu para longe

Depois de o receber

E não sei

Se um dia

Irá voltar

Tenho saudades

De me perder

Na chuva de verão

Molhado pelos tempos passados

Na inocência

De não saber

Ou de não se importar

Dos tempos que virão

Tenho saudades

De me deitar

Horas a fio

Debaixo de um enorme carvalho

A sentir a natureza

Sem sentir um tempo

Perder-me nessa enorme beleza

Tenho saudades

De ler um livro

Pelo qual me apaixonei

Sobre uma relva quente de verão

Porque esse tempo lá ficou

Comigo

E eu com ele

Sem tempo

Lá fiquei

Tenho saudades

De beber

A água pura

Numa montanha

Sem medo

Dela

Sem recear

Os químicos que ela não contém

Tenho saudades

Dos tempos de pureza que eu nunca observei

Tenho saudades

De observar à noite

O grande universo

Perder a conta

Às estrelas vistas

E deixar-me esmagar

Por esse infinito

Até amanhecer

E assistir a outra

Bela aurora

Na inconstância

De um tempo

Que passa

Tempo que demora

Sem ligar nenhuma a isso

Do que se segue

Do que se está para seguir

Tenho saudades

De me perder

E de não me interessar

Minimamente

Para onde tenho que ir

Tenho saudades