VARAIS

Sentada na escada da varanda
Vejo nossas roupas tremulando ao vento
Penso no pouco necessário à felicidade
E os varais me trazem um certo alento

O sol da manhã que aquece
O vento frio que estremece
Uma caneca de chá quentinho
E as memórias que vêm de mansinho

Olho todo este cenário
Envolta em uma paz absurda
Como se o mundo existisse aqui somente
E nada mais pudesse abalar a minha mente

Varais contam histórias
De almas por nós capturadas
Observando-os conhecemos as vidas
Cujas roupas neles estão penduradas

Há varais que mostram casas pobres
Outros cheios de cheiro de neném
Alguns são extremamente ecléticos
Uns que denunciam a profissão de alguém

Entre todos porém nenhum há
De mais triste que um varal vazio
Nele a esperança não resistirá
E esta visão me causa um calafrio

Sem deixarmos-nos vencer pelo “talvez”
Certo enfim que vivemos para amar
E o que essencialmente necessitamos?
Sem sombra de dúvida – o ar.