Eus
Há dias que acordo como anjo,
e meu corpo suave, transcede as paredes,
ultrapassa as nuvens,
outros dias,
mal consigo sair do chão,
pareço uma árvore ficada no chão, lápide descerrada em um cemitério perdido.
Uns dias estou na vitrine do Louvre,
desperto curiosidade de todos que passam,
muitos me querem,
pagam tudo se preciso for.
No outro sou carniça apodrecida comida por abutres famintos num deserto distante, longe de todos.
Eu, tantos eus, pedaços de canções pela metade.
Tantos eus que nem mesmo eu reconheço....