A PRIMAVERA DAS FLORES
O tempo carrega flores dormentes em seu ventre...
Flores não nascem para mim, nem para ninguém,
Porém imploro sempre pelo olor colorido delas
E procuro as suas mensagens esvoaçantes nos jardins
A curarem-me das ressacas do cotidiano em mazelas...
Tantos entraves sugestionam meus passos...
Mas o que importam meus pés, afinal
Diante do regaço mágico de uma orquídea
Frente aos meus olhos numa primavera matinal?
A vida com ela amadurece, embevece nívea...
As flores não precisam de canteiros, nem de meus ais...
Apenas pedem terra, chuva e abelhas ao meio delas
Meus olhos a olhá-las em nada mudarão suas medras...
O bom do viver é todinho delas, pois uma flor é tudo “ser”
Ao respirar o sol, limpa-me da estrada, as pedras
Viver sem tramelas, sem meiguices, sem entretelas
O tempo pode ser rosa, margarida, acácia, camélia
A vida também é amarela, laranja, violeta, carmim
Felicidade é florzinha que brota à borda da minha janela
E sorri, banguela, suas delicadas pétalas pr’a mim...