EU QUERIA…

Poema baseado na bela, lindíssima poesia da minha borboletita de eleição:

EU QUERIA…

Ser um escritor

Que toda a gente gostasse de ler

Mas mal consigo

Arquitectar um raciocínio

Que todas possam ler

E muito menos gostar…

Eu queria

Ser um padeiro

Que matasse a fome

À humanidade

Mas se mal posso matar

A minha fome pela imensidão

Como posso querer eu

Alimentar uma multidão?

Eu queria

Ser um agricultor

Que visse a vida

Nos sinais do campo

Colhesse frutos do amor

E não

Da minha infinita

E incógnita dor

Eu queria

Ser um homem

Com o dom

Da simplicidade

Rir-me com as gotas da chuva

Maravilhar-me

Com o nascer de mais uma aurora

Mas não consigo

Pois a minha alma

Clama

Pela complexidade

Eu queria

Ser um caminhante

Que amasse a estrada

E nela se pudesse realizar

Mas por muito que caminhe

Sinto-me triste

Por não chegar

A nenhum lugar…

Eu queria

Ter a magia

Das tuas borboletas

E o dom

Das tuas palavras imensas

Com que te colocasse um sorriso

Nos lábios

Quando a tristeza

Te ameaça

Alienar

Mas não consigo…

Por muitas palavras

Que te faça

Não sei

Como a ti chegar

Como a alegria

Te dar

Pois eu só queria mesmo

Era inundar-te de felicidade

Mas já construí um Império das Palavras

Com que sei

Que estamos a construir

Uma bela amizade

Mas não consigo

As tuas lágrimas

Secar

Não consigo

Fazer-te

Novamente sonhar

Mas minha querida:

Eu não desisto

Porque por tua causa

Sou um homem diferente

Um homem melhor

Nas belas palavras

Que semeias

A meu redor

Por tua causa

Acredito

Na profundidade

Do meu mito

Que estou a construir

Por mim

Mas sobretudo

Por ti

Porque acredito

No que és

Nunca deixei de acreditar

Coração que bate forte

E alma que se aquece

Quando de alguma forma

Sinto

Que comigo gostas de estar

Porque

Há pessoas

Que como eu

Sabem

Que não és uma mera Rainha

És uma imensa

Imperatriz

E quem tal diz

Sou eu

Um homem

Ferido

Que foi

E veio das trevas

Mas que nunca parou de sonhar

E

A vida é de facto linda

E nisso

Minha linda

Tens que acreditar…

Eu queria…