Cinza, concreto, selva e poesia

Onde está o que procuro?

O que procuro?

Fito rostos aflitos de cidade grande

Reparo em anônimos queridos

Que descem e sobem nas escadas rolantes

Apressados mas parados

Me deixo rolar também anônimo

Atônito a vasculhar banheiros

Na estação de metrô

O trem se vai, e neste vagão a solidão superlotada

Mastigo a fome, o que procuro não tem nome

Reviro falos e folhas e rabiscos

Avisto uma porta no imaginário.

Através dos tuneis da cidade suja

Traço a rota para o meu interior.

Mais um trem partindo da estação comigo dentro,

Dentro de mim a sensação de não ter nome

De não ser bixo, de não ser homem

Ser mais um parafuso da máquina que costura a cidade veloz

Movendo as rodas que atropelam a nossa calma.

Uma alma estendida na calçada me pede a mão e eu digo não

Me escondo atrás do que procuro

Neste cenário cinza, o que procuro não tem nome

Ensaio no fim este monologo à solidão.

William Urick
Enviado por William Urick em 08/09/2010
Código do texto: T2484844
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