Cinza, concreto, selva e poesia
Onde está o que procuro?
O que procuro?
Fito rostos aflitos de cidade grande
Reparo em anônimos queridos
Que descem e sobem nas escadas rolantes
Apressados mas parados
Me deixo rolar também anônimo
Atônito a vasculhar banheiros
Na estação de metrô
O trem se vai, e neste vagão a solidão superlotada
Mastigo a fome, o que procuro não tem nome
Reviro falos e folhas e rabiscos
Avisto uma porta no imaginário.
Através dos tuneis da cidade suja
Traço a rota para o meu interior.
Mais um trem partindo da estação comigo dentro,
Dentro de mim a sensação de não ter nome
De não ser bixo, de não ser homem
Ser mais um parafuso da máquina que costura a cidade veloz
Movendo as rodas que atropelam a nossa calma.
Uma alma estendida na calçada me pede a mão e eu digo não
Me escondo atrás do que procuro
Neste cenário cinza, o que procuro não tem nome
Ensaio no fim este monologo à solidão.