Escritas

Caminho lado a lado com minhas letras,

eu no compasso apressado, elas me ditando calma.

Tranformo meus ideais em textos curtos,

eles me transportam para horizontes longíncuos.

Fugas em demasia, criações de não sei o quê.

Elas, minhas letrinhas ranzinzas, se riem de tanto ser.

O meu eu impedido de ser feliz,

minhas letras e sílabas me fazem novo,

seminovo... quase, um naco de ser.

Humano que sou em restos de palavras

me desespero com elas ao querer dizer

bem mais do que elas podem...

Letras e fonemas, fones e megas.

São tentáculos da mesma dor.

Dor humana, dor de dor.

Teatros e cortinas, roupas prontas, figurinos.

De homem ou de menino, poesia, prosa ou qualquer ter,

é letra fria, quente ou quase pronta,

frase feita, escrita, lida.

Mil faces deste ser, letras tantas de um bem querer.

Eu e minhas amantes letras. Letras, letras e letras.

Dizendo tudo e calando almas,

calmas, serenas, dizer.

Eu e minhas letras escritas estamos juntos,

unidos por um único ideal...

um acalentar o outro, e o epitáfio derradeiro,

aquele certeiro, maléfico final

terá em sua face os gritos que não foram ouvidos.

Minhas letras, minhas vidas.

Expressas numa única vida.

Esta de quem falo, aquela que um dia se irá ler.

VALBER DINIZ
Enviado por VALBER DINIZ em 01/09/2010
Reeditado em 26/05/2011
Código do texto: T2472703
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