Invisível
Era dia e não tinha sol, nuvens densas, rastros e melancolia.
Era um dia que parecia noite, não escuro, mas só, sem rumo.
Era assim a minha vida, naquele dia que parecia noite.
Eu esperava um novo dia, sem chuva na vidraça, sem a vidraça, sem estar só.
Ela me olha pelo espelho, devaneios de uma alma inquieta.
Ela sorrir e diz adeus, vai, volta, insiste.
Ela não tem rosto, apenas forma...
Deforma sonhos, escreve histórias, peleja...
Ela reflete anseios, busca brisas e palavras belas,
ela é feia, tola e cega...
Presente e inerte, incômoda.
Precisa.
Charutos e jornais velhos,
pensamento e buscas,
cansaços e estranhezas.
Um papel em branco, a máquina à espera.
Um desejo de não ter,
mas ter de ter, para o bem querer...
E assim o fazer.
Escrever.
O que querer ser no mundo dos tolos?
Somos poetas por excelência, tendo a solidão por parceira...
Fria e muda, perfeita e isenta.