Ontem
Eram madrugadas de carruagens de cristais
eu amanhecia dos sonhos da noite escura,
e nas longas utopias em que a infancia dura,
voava ainda em viagens pelos meus quintais!
Como eram leves os lambrequins de outrora,
quando os juntava às minhas precoces poesias
e quando me separava na janela da chuva lá fora,
imaginava nestas todas temporárias alegrias.
Tinha sempre cheiro de terra meus pequenos pés,
mas andava nos passos de um tímido e secreto amor,
e o tempo, este enunciador de todo e qualquer revés,
jamais será perpetuador da beleza, como tem a flor!
Talvez um rolimã gire dentro da roda da vida,
e seu som seja a asa para tempos em que fui feliz,
que pensar perfeito para uma utopia perdida,
o relembrar constante de um eterno aprendiz.
Malgaxe