Velha porteira
Velha porteira
Velha porteira abandonada,
Caminho do meu sertão,
Fechando a estância querida,
As casas hoje vazias,
A sede, o riacho e o grotão.
Porteira encarquilhada,
Enfeitadas de flores silvestres,
Calada no meio do nada,
A erva do mato daninha,
E fazendo –te companhia,
O ninho de um gavião.
Porteira solitária na roça,
Sozinha no meio do nada,
Sem os gritos dos caboclos,
Sem o murmurar lamentoso,
Dos velhos carros de bois.
Apenas passam ao seu lado,
Os velhos fantasmas de outrora,
Tropas de mulas , carvoeiros,
Carroças de mantimentos,
A fuga de migrantes cansados,
Subindo e descendo serras,
Em busca de outro lugar.
Porteira de nobre madeira,
Quantas saudades me traz,
Dos meus tempos de menino,
Das festas do arraial,
Das mocinhas vestidas de chita,
Dos mancebos bem aprumados,
De você velha porteira,
Abrindo-se numa mesura
Para todos deixar entrar.