A casinha azul
Minha casinha na roça
é toda pintada de azul.
Nas manhãs de céu turvo
ela vigia a nascente do riacho
e seus muitos sapos
agachados nas pedras.
As hortaliças ficam
num cercado de tábuas
perto de um formigueiro.
Uma das janelas abre-se
para cheirar o jardim
mas adora mesmo é ver
uma borboleta amarela
treinada para voar.
No fogão à lenha
a chaleira apita: piuiiiiiii...
como quem chama as visitas.
Também no espaldar duma cadeira
há um velho papagaio
num currupaco cansado
mas imita a cozinheira.
Uma leiteira na mesa
com cara de camponesa
adora olhar o café.
O quentinho dos pães
aquece as mãos com carinho
e nem comentam que isso
é trabalho do sol.
E começa a chover
o vento toma chegada
e quase que a panela
fica cheia de cinzas.
Até os meninos se assustam
quando a porta se fecha
com medo de tomar banho.
Na chaminé da casa
toda na intimidade
a fumaça deita-se
em cima do telhado.
Certamente é assim
toda manhã de inverno
e faço qualquer coisa
para ficar por aqui.