QUERO

Mete medo encontrar-me no futuro

Imaculado,

Censurado à volição.

Seca-me a sede da saudade não sentida

Advinda

De um ainda sem perdão.

Entre o berço e o caixão,

Quero manter-me anfíbio,

Passeando pelo sim e pelo não.

Quero ouvir canários contraltos

Entoando o mais alto hino

Do destino.

Quero abençoar a brisa e o furacão

No eterno altar libertino.

Mas,

Como prega o herege e o sacristão,

A vontade está tão longe de assim ser

Quanto a felicidade encontrar-se na razão.