O parto do lápis na cama de celulose

Fazer do mundo um poema

Lirisar os problemas

Sentir o céu aos meus pés

Querer quem me quer

Sentir o figurado, sabendo que,

Há um pouco de concreto

Do lado do abstrato

Há uma prisão perpétua

Para cada um de nossos atos

Mas nas entrelinhas pode-se

Voar sem asas, mergulhar em letras.

Amar em brasas, morar em outro planeta.

Então...

Toquem as cornetas, chamem os anjos.

São milagres acontecendo

Independente de Santos

As linhas medidas, sofrendo metamorfose.

Gostam de sofrer, de valer pra valer.

De ser infinitas, infindas, universo.

Uma ilusão de ótica, uma frase gótica

E as mesmas linhas paralelas se beijam e transam.

Na extremidade da visão, se agarram e se engolem.

Só um sonhador é que enxerga esta vida em página.

Para a folha é uma sorte ser rabiscada sem limites.

Só uma folha fortuna emite uma quimera virgem.

Enzo Pinho
Enviado por Enzo Pinho em 12/09/2006
Reeditado em 17/10/2009
Código do texto: T238660