O parto do lápis na cama de celulose
Fazer do mundo um poema
Lirisar os problemas
Sentir o céu aos meus pés
Querer quem me quer
Sentir o figurado, sabendo que,
Há um pouco de concreto
Do lado do abstrato
Há uma prisão perpétua
Para cada um de nossos atos
Mas nas entrelinhas pode-se
Voar sem asas, mergulhar em letras.
Amar em brasas, morar em outro planeta.
Então...
Toquem as cornetas, chamem os anjos.
São milagres acontecendo
Independente de Santos
As linhas medidas, sofrendo metamorfose.
Gostam de sofrer, de valer pra valer.
De ser infinitas, infindas, universo.
Uma ilusão de ótica, uma frase gótica
E as mesmas linhas paralelas se beijam e transam.
Na extremidade da visão, se agarram e se engolem.
Só um sonhador é que enxerga esta vida em página.
Para a folha é uma sorte ser rabiscada sem limites.
Só uma folha fortuna emite uma quimera virgem.