INVERNO

INVERNO

E quando estas tardes te fazem aquietar-se

envolto em lençois de frágeis neblinas

te vejo,meu vale,pirralho encolhido

buscando abrigo atrás das colinas

O vento cortante que à nada respeita

na busca insessante o encontra assustado

e dêsse temor então se aproveita

bafeja-lhe inteiro num sopro gelado

Eriça a campina,sacode ramagens

e das araucárias arranca queixumes

descem estrelas ao topo das serras

suprindo ausências de teus vagalumes

Na noite do vale,moldada em cristal

de caladas vozes de ternos luares

quem bem lhe conhece põe-se em ritual

Na eterna magia dêstes teus ares

A casa fechada,a sôpa...O vinho...

Crispar das chamas calor envolvente

Aninhados corpos trocando carinho

Ajustes selados...Chocolate quente

Ao romper do dia em branca geada

Invade a janela um manto de anil

sob cobertores vidas preparadas

A quebrar o gêlo no Sul do Brasil