Terra

Me aquece o peito a vontade de ir,

me embriaga olhar ao longe e ver o quão distante é o paraíso...

se ele de fato existe, existe a certeza de alcançá-lo.

Hoje faz três décadas que te esqueci num canto da memória.

Eu andei por ruas e becos e em nenhum deles eu me vi completo.

Era teu rosto que eu enxergava, eram tuas as curvas que eu descia,

era teu ventre que eu esperava.

Eu não reconhecia o sol que brilhava, a chuva que inunda, o frio que corta, a luz que brilha.

Eu não sabia das linguas faladas por lá, eu não tinha para quem falar, eu emudecia.

Eu chorava a esperança, eu implorava a vontade de encontro, eu queria, sim, o teu colo.

Me lembro, hoje, que eu sinto saudades de ti. Da rua de pedra, do canto do muro da igreja, da missa de domingo, da brincadeira de roda, do choro incontido do menino levado...

Recordo de ti como quem recorda uma festa. Tuas praças e bancos, tua liberdade sombria.

Minha terra de alegrias, de promessas e de abandono.

Saí de tuas entranhas e deixei tuas vielas....

quis abraçar o mundo e me enforquei numa saudade estranha.

Silenciosa e precisa, insípida e incolor.

Retratos e promessas, vidas perdidas, passadas.

Terra que outrora me gerou,

e que hoje não sei onde fica.

Há tempos que não sinto o teu calor,

intenso, árduo, faminto.

Terra esquecida, terra da terra.

Teus rios a banhar-te e a refrescar meu eu.

Terras de poetas, de sol e desencantos.

Minha terra, velhos monges,

calores e canções...

Filho ingrato e não pródigo.

Fugitivo e quebrantado.

Arredio e humilde...

Curvo-me e te imploro perdão.

Eu volto ao teu seio, e espero o teu aconchego.

Terra querida, que triste sina,

alucina, cajuína, menina...

Teresina.

VALBER DINIZ
Enviado por VALBER DINIZ em 13/07/2010
Reeditado em 12/05/2011
Código do texto: T2375055
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