Os sons que vêm de fora

 

Sozinha em minha sala

ouvindo os sons que vêm de fora,

tento compreender

o que me dizem agora.

 

O pio monótono de um pássaro

é o que ouço primeiro,

parecendo me dizer

que tudo aqui é passageiro.

 

Ouço latidos de um cão

vindos da casa da frente,

como se me dissessem

pra aproveitar o presente.

 

De repente um bem-te-vi

Canta de um modo estridente,

dizendo que bem me viu

e bem viu a minha mente.

 

Outros pássaros também ouço

cada um de uma maneira,

como se me convidassem

pra alguma brincadeira.

 

Os mais diferentes sons

vão então se misturando,

como se estivessem

num hino se transformando.

 

Procuro com muito esforço

entender o estranho hino,

e de repente entendo

esse milagre divino.

 

Cada som é uma vida

e cada vida uma história,

e todos de algum modo

tem um momento de glória.

 

E o que mais me fascina

no hino que estou ouvindo,

é que cada som me diz

tudo o que estou sentindo.

 

É como se eles dissessem

pra usar essa mania,

de ouvir os sons de fora

e transformá-los em poesia.

 

E que sempre eles virão

a falar-me desse jeito,

pra que eu possa entender

os sons de modo perfeito.

 

E pra eu continuar

a ouvir os sons de fora,

e ficar bem atenta

como atenta estou agora.

 

E que se assim eu fizer

nunca irei me arrepender

pois em cada som que ouvir

uma lição hei de aprender.

 

Do Livro: “Entre Poemas” - Pág. 71