Meu dom... Meu mal...

De que valem estas lágrimas que em letras se transformam,

Estas confissões que formam os desenhos da minha mente.

De que valem estas sementes se o solo as recebe, infértil,

E se ainda que fosse fértil, as ressecaria o sol ardente!

Que há de lindo ou de atraente, neste dom que me delata,

Se este nó não se desata e se não me traz alívio algum,

Melhor seria o jejum, que estes banquetes indigestos,

Já que as palavras não são gesto e a poesia é tão comum!

Ah se bastasse eu querer pra abdicar desta incumbência,

Ou se criasse a ciência algum antídoto para o meu mal,

Mas este veneno fatal, há de me corroer até os ossos,

E ao que me reste só destroços, hei de ter uma rima final!

Priscila Neves
Enviado por Priscila Neves em 09/06/2010
Reeditado em 09/06/2010
Código do texto: T2308656
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