Meu dom... Meu mal...
De que valem estas lágrimas que em letras se transformam,
Estas confissões que formam os desenhos da minha mente.
De que valem estas sementes se o solo as recebe, infértil,
E se ainda que fosse fértil, as ressecaria o sol ardente!
Que há de lindo ou de atraente, neste dom que me delata,
Se este nó não se desata e se não me traz alívio algum,
Melhor seria o jejum, que estes banquetes indigestos,
Já que as palavras não são gesto e a poesia é tão comum!
Ah se bastasse eu querer pra abdicar desta incumbência,
Ou se criasse a ciência algum antídoto para o meu mal,
Mas este veneno fatal, há de me corroer até os ossos,
E ao que me reste só destroços, hei de ter uma rima final!