indignação
hoje eu chorei
chorei por não poder compreender tudo,
chorei por não ter quem compreenda tudo,
quem mostre o caminho,
quem erga o braço e aponte a direção....
Todos querem o palanque para falar,
para aparecer,
ninguém quer, realmente,
resolver.
Quem hoje luta contra amanhã está abraçado ao seu adversário,
aquele que ontem xingou, manhã estará defendendo,
Seres humanos, homens,
como o poder nos seduz,
nos conduz.
A descoberta da água em pó,
a tinta invisível,
quem irá descobrir,
quanto irá cobrar?
A cura do cancêr quem irá desvendar?
mas será revelada?
A hipocrisia,
que nos cria,
que nos humilha,
nos pisa,
para depois imitarmos tudo que odiamos.
Folhas jogadas ao vento do destino,
todos os meninos, serão homens,
e todas as meninas, serão mulheres,
em busca da felicidade,
sem saber que felicidade não se busca,
é um estado de espírito interior.
Tantos tragos em bares vazios,
tantos baseados mal arrumados,
em busca de uma felicidade etérea,
que some ao começar outro dia.
Tantas estrelas,
escondidas,
tantas luzes,
apagadas,
Tantas lágrimas, escondidas,
Tantos desejos de compreensão, carinho.
Tantas esquinas na vida,
tantas ruas que levam a lugar nenhum,
tantas igrejas com padres pecadores,
tantos pastores sem saber o que pregar,
quem irá poder nos revelar,
que a vida não é melhor que um rio,
que carrega em si,
muitas águas,
um dia turvas,
outros, cristalinas.
Como não chorar diante de tanta gente estúpida,
como não chorar diante de tanta desgraça,
como calar diante de tanta safadeza,
tanta sacanagem com o povo.
Como caminharei sem sujar os pés,
se a cada passo dados,
sigo os mesmo passos que outros já pisaram,
se penso o mesmo que muitos pensaram.
Essas estradas estão cheias de pessoas gananciosas,
essas estradas são calçadas feitas de palavras bonitas,
para esconderem a podridão que as mentes sórdidas carregam.
Onde estarei amanhã?
o que falarei se não tiver razão?
tentarei ensinar o que não sei?
tentarei compreender o que não deve ser compreendido?
tentarei negar meus sentimentos,
só para não desapontar os que me ladeam?
Quando eu soltar meu grito,
será um grito de liberdade,
um grito de ferocidade,
da minha boca, lava escorrerá,
e muitas se ferirão,
pois minhas palavras cortarão mais que mil açoites,
e do meu ventre toda indignação irá brotar como
um filho gerado sob o fogo da corrupção.
Onde estarei amanhã?
o que farei amanhã?
e você? o que fará? o que falará?