Minha
As fulgidas estrelas vigilantes
- Companheiras de insônia e de delírio –
Com quem tanto amor falara dantes;
O Sol, que alimentara o meu martírio
Com largos dias cheios do veneno
Da tua ausência; o meu vizinho lírio,
Que tão rórido assoma, entrando, a pleno,
Pela janela do meu quarto, quando
Touca-se a aurora de esplendor sereno;
A própria noite que, no Espaço errando,
Anda vertendo o fluido da tristeza,
Os solitarios corações magoando;
Toda a flor vernal, que vive presa
Ao meu cuidado, num transbordamento,
Circundando-me a casa, na defesa;
A aurora, o dia, a tarde, a chuva, o vento,
Os cursos d’água, os pássaros, a Lua...
Tudo, na afirmação de um juramento,
Tudo da Terra e tudo o que flutua
No Céu, se falo em ti, mulher querida,
Vem sussurrar ao meu ouvido: é tua!
E, entre meus braços tendo-te achegada,
Posso enfim...(eu, que a dor já não sustinha!),
Como um clarim num toque de alvorada,
Aos céus e aos mares proclamar-te minha!...