VISÃO ERÓTICA

Novamente, sob a luz sombria,

Sentia-me um potro ensinado,

Pronto a vencer.

E agora...

Tremo em delírios,

Medrosamente doce hesito,

Ante a sua aproximação.

Uma visão afroditiana por merecer,

Não por querer.

E aos poucos me lança olhares,

Molhados olhares pela ocasião.

Sinto-me entrelaçado na rede

Da pura beleza da deusa,

Acalmo-me.

Sinto-me no jardim das virgens

Quase um Eros.

Quero lançar-me agora aos braços

Da minha Afrodite que me espera.

Volto ao posto de potro ensinado

E deixo-a cavalgar sobre meu dorso,

E entre inversões de cavalgadas

Torno-me seu, e ela minha

Então domo e sou domado,

Cavalgo e sou cavalgado

Num frenesi estonteante.

Uma fresta no telhado

Deixa entrar os primeiros raios do sol

Que brincam clareando aqui ou lá

Conforme o passar das nuvens,

Mostrando toda a beleza nua

Que meus olhos jamais esquecerão.

Ah, quantas manhãs mil gostaria de tê-la

E por tantas manhãs mil não perdê-la.