Quarto Crescente
Sou o barulho das águas
O doce enlevo do vento,
O encanto da mãe d‘água
Sou eco de um pensamento.
Sou olhos rasos que choram,
Pelos espinhos na flor;
Com um sorriso feriram
A alma cheia de dor.
Arco-íris que encantas,
Diz desse amor que nasceu,
E em meu peito acalantas,
Desejos do corpo seu.
Oh minha lua minguante!
Entre no quarto crescente,
Trás no brilho aquele amante,
Deixa-me amar somente.
Mar revolto assim eu estou,
Feito um veleiro sem vela,
Nas ondas fortes eu vou,
Feito o sino da capela.
Trevo da sorte escondida,
Hoje preciso de ti;
Minh’alma está abatida,
Por olhos que hoje eu vi.
Goretti Albuquerque