D I V A G A Ç Õ E S

Recostado nos fios de uma cêrca aramada

Adormeço o olhar em visão encantada

Da verde esperança pelo campo estendida

Resta o feno dourado da lavoura colhida

Os sulcos profundos de uma colheitadeira

Ressaltaram as ondas desta loira faceira

O céu suspirando os seus "ais!" pela tarde

Deixa o sol pentea-las sem muito alarde

E do campo parido,em sagrado descanso

Erguem-se curucacas revoando de manso

Gorjeando festivas sem um destino certo

Libero minh´alma a segui-las de perto

E de minha carcaça em silêncio aramado

Me perco do bando num olhar marejado

Preso ao monte de cacos

De um vaso quebrado

Pois que à tôda partida corresponde um regresso

Presumindo chegadas com abraços...sucesso!

Se o alado retorno trouxer a primavera

Terá valido a pena a angústia da espera.