RECORDAÇÃO BUCÓLICA
RECORDAÇÃO BUCÓLICA
A boca da noite
Com seu hálito morno
Lembro–me do passado
Ao voltar do trabalho
Trôpego cansado
De enxada no ombro
Bornal e cabaça ao lado
Na poeira da estrada
Meus rastros marcados
O luar vinha vindo
Dalem horizonte
Deitando candura
Pela serra e os montes
E lá nas alturas
As aves noturnas
Com seu vôo assanhado
Passando aos bandos
Rumando ao banhado
No distante cerrado
Ouviam-se os gritos
De um nojento urutau
Camuflado num pau
Capturando mosquitos
A lua sorrindo
E as estrelas no céu
Brincavam com as nuvens
Bailando ao leu
E na porta de casa
Uma pequena parada
A contemplar a paisagem
Bucólica encantada
Momentos passados
De rara beleza
De um saudoso roceiro
Com a mãe natureza
Divagando em saudade
Lembranças de outrora
Ao recordar com vaidade
Seu passado na história
Vertidas da alma
As lagrimas que rolam
Enxugadas na calma
Sua lembrança consola
Em seu peito guardado
Momentos de um dia
Que ficaram gravados
Na sua alma vazia!