A flor da vida
A flor que arrebentaste com mãos pesadas
Era a flor da vida que seguia o curso.
A terra que queimaste em calor desumano,
É o derradeiro leito a deitar-te em brasas.
A vida está no chão, na pedra, no caminho.
Pisa com carinho o colo dessa musa,
Não serás deserto em te perder de espanto
E sempre alcançarás o galho do teu ninho,
Pois ela quando nada, arrasta, voa e anda,
No rijo do seu aço, em lava incandescente,
Na intrépida cascata, no regato inocente,
No giro dos tufões,em sua louca ciranda,
Na seiva elaborada em árvores frondosas,
No musgo que se agarra em rocha adormecida,
É sempre a extensão da nossa própria vida
Tentando extravazar o nosso mar de rosas.
Portanto, se há vida até em pedra dura,
Desata esse teu nó do coração vazio,
Deixa ele fluir como se fosse um rio,
Verás a quem pertence a paz da criatura.