Saudades de quem não tive

Não são necessariamente os bens que tem

Mas o jeito de usá-los

Não é a beleza, a altura, a cor, a figura

Mas a forma de expressa-las

Não é a inteligência, a eloqüência, a fluência

Mas a maneira de utilizá-los

O timbre forte, os gestos largos e convincentes

Mas, a hora de modulá-los

Não são seus amigos, parentes, conhecidos...

Mas a o milagre de cativá-los

Não é seu bom gosto que, diga-se de passagem, isto posto,

Cultiva em seus intervalos

É tudo isso e algo mais

É intangível, impossível ao mais sagaz

É uma forma sóbria e moderna

Que ao mesmo tempo externa

Discretamente demais

Foi a chance que, eu menino, gostaria

De admirar todo dia

Se tivesse vivo um pai.