Há um tempo

No terceiro e putrefato tronco,

mergulhado parcialmente

na água verde da Rio Spree,

contemplo a gaivota que parte

para mais um mergulho.

À esquerda, o rosto do pescador

é iluminado pela aurora que aponta o

início da manhã. De boné vermelho,

respirando tranquilamente o hálito

do tempo, ele vai arremessar seu anzol.

Outra garça, aparentando boa saúde,

pernas de mais centímetros e

bico de maior porção,

pousa com boa autoestima

no segundo e panorâmico tronco, e de

imediato, desdobra o pescoço e examina com

disposição de espírito a série de linhas

concêntricas que já se formam

na superfície da água impulsionada

pelo pescador que lança o anzol.

Há um tempo para o peixe.

Há um tempo para o pássaro.

Há um tempo para o homem.

Odacardo
Enviado por Odacardo em 09/04/2010
Reeditado em 09/04/2010
Código do texto: T2186698
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