Há um tempo
No terceiro e putrefato tronco,
mergulhado parcialmente
na água verde da Rio Spree,
contemplo a gaivota que parte
para mais um mergulho.
À esquerda, o rosto do pescador
é iluminado pela aurora que aponta o
início da manhã. De boné vermelho,
respirando tranquilamente o hálito
do tempo, ele vai arremessar seu anzol.
Outra garça, aparentando boa saúde,
pernas de mais centímetros e
bico de maior porção,
pousa com boa autoestima
no segundo e panorâmico tronco, e de
imediato, desdobra o pescoço e examina com
disposição de espírito a série de linhas
concêntricas que já se formam
na superfície da água impulsionada
pelo pescador que lança o anzol.
Há um tempo para o peixe.
Há um tempo para o pássaro.
Há um tempo para o homem.