Testemunha
Registo na cumeada
das montanhas nervosas
a alegoria do sol dançante
e um pássaro bêbado
atordindo o amplo lastro
da luz imanente
crepita no fogaréu do seu trinado
insolente
a espantar os espantalhos
velhos
que morreram de cansaço
com os braços abertos,
mesmo quando a noite caia
cansada da luz.
Registo o clamor
da terra aturdida
e sorrio um sorriso largo
sem testemunhas
como se quisesse ser ali
o torrão silente
que se esboroasse para sentir-se
chão,
apenas!
Em 24.Mar.2010, pelas 18h00
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