Ébrio

Um poeta anda circulando ao redor
Vejo cálices de vinho
Transbordando nas mesas
De um cabaré qualquer.
Ele escreve em guardanapos
Poemas para a dançarina
Que o ignora e joga fora.

Um sonhador que acredita no céu
Que despreza a realidade
E vive num mundo de sonhos
E frustrações constantes
Que ele sublima e passa por cima.

Um romântico, eu diria,
Tolo apaixonado e sem destino
Condenado a vagar pela boemia da vida
Pregando um amor impossível,
Querendo o intangível
E refestelando-se com as migalhas
Expostas sobre a mesa do café.

Um louco e demente
Moribundo das ruas escuras
Maltrapilho de vermes
Totalmente incoerente e sem razão
Escravo do tempo perdido
A caminhar sem destino
pelas ruas desta cidade
sem poder sequer vislumbrar o seu fim.