Minúcias vitais
Um perfume mudo que tatuou cada alma,
fazendo-a translúcida e mais pulsante,
risonha, sangrenta de vida e de chama,
tal candeia ruiva doirando o ambiente!
Sol brotando n’outro sol, raio pequenino,
deixou suave cicatriz e fez a diferença
entr’o choro calado e o despertar ameno,
a singrar meus rios internos com a graça!
Detalhes entre a harmonia de som e cor,
que a mansa curva do tempo imortalizou,
pingaram gotículas d'incrível luz e sabor,
que à minh' alma apaixonada se imantou!
A quietude em que estrelas bordam o céu,
o suspiro de candura de criança dormindo,
nem o pensamento de pluma me esqueceu.
Bendito detalhe que me assiste te amando!
Fímbria vermelha de sol que jamais dorme
incendiou errante a quietude, cuja minúcia
apequenada de tão longínqua me assume,
como fio da melodia desfiado pela carícia!
Minuto que não torna e nunca vai embora,
no ventre fecundo da minúcia ganhou vida
e atrás de si alou grãos d’ampulheta muda,
segurand’o tempo do mundo que se queira!
Tal lâmpada de garantia vitalícia para luzir
como um sonho de asas por toda a jornada,
Assim seja. Minúcias não haverão de partir
da tela fresca, com emoção de vida pintada!
Santos-SP-30/07/2006