Pernoite.

Descortina em carícia a noite.
Janela entreaberta me vê.
Breu solitário comunga comigo o que é teu
com tudo que sou...
E penso que é teu e meu...
Nos une no EU SOU.

Persiana desvela e liberta. Tudo me é dado:
Lua em cristal, universo sorri rodeado,
Pingos piscam sentidos, conferem brilhos,
Relutam almas sombreadas, insistem calmas,
despertam o sonho às vezes em fuga,
tristonhos vãos, perdido de encanto,
Só pranto...desilusão...

Camadas riscadas de azul noite,
Esperança nude e cinza,
Rascunha o véu que vela,
Carícia da noite revela.
Luz distraída dormita...
Olhar contumaz
insiste na paz...
Levita...

Gaiô.