Tenho medo do medo
É como um grito abafado, um sonho desmontado.
É assim uma vidraça estilhaçada nos olhos abertos, espantados.
É o fim do túnel dos risos infindos, quando eram.
É uma dor que não cessa, paralisa, congela o que era quente e o que ainda é.
É o pesadelo da madrugada fria.
É o desespero do calor sedento, da dor.
É o fim dos jardins coloridos.
É a transformação em trevosas matas escuras e escusas.
Tenho medo do medo.
O medo é causador da dor antecipada, é o freiar da velocidade, é o desengano, a paciência corroída.
O medo é um monstro mascarado, de patas enormes e de dentes afiados.
Ele é um soldado guardador de vitórias, sucessos, derrotas. Ele é o senhor das desistências.