Tenho medo do medo

É como um grito abafado, um sonho desmontado.

É assim uma vidraça estilhaçada nos olhos abertos, espantados.

É o fim do túnel dos risos infindos, quando eram.

É uma dor que não cessa, paralisa, congela o que era quente e o que ainda é.

É o pesadelo da madrugada fria.

É o desespero do calor sedento, da dor.

É o fim dos jardins coloridos.

É a transformação em trevosas matas escuras e escusas.

Tenho medo do medo.

O medo é causador da dor antecipada, é o freiar da velocidade, é o desengano, a paciência corroída.

O medo é um monstro mascarado, de patas enormes e de dentes afiados.

Ele é um soldado guardador de vitórias, sucessos, derrotas. Ele é o senhor das desistências.

Tati Nantes
Enviado por Tati Nantes em 20/01/2010
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